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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Poesia: Silêncio na cela de aula





Um olhando na nuca do outro
olhando a nuca do outro
olhando a nuca do outro…
Todos sentados, enfileirados
submissos e castrados
Silêncio na cela de aula!
Abram seus cadernos, façam a lição!
Grade na janela, cadeado no portão
detentos estudantes na escola prisão

uuóóóóóóóó!!
Sirene de fábrica no seu ouvido
Recreio é o banho de sol do oprimido
“Sem correr, todos em fila!”
A escola é a negação do corpo e da vida
Física, química, biologia
como prestar atenção
se tudo vai mal na minha família?
Mas ninguém se importa com aluno não
Silêncio na cela de aula!
Grade horária, grade curricular
grade em todo lugar
sem autonomia não se aprende a pensar
Hora da prova!
O aluno começa a chorar:
Se não tirar nota, não vou passar
Se não tirar nota, vou apanhar!
A ansiedade vai aumentar
Branco na hora da prova
Silêncio na hora da prova!
A prova apavora
A prova não prova nada
A prova não mede ninguém
A prova só causa trauma
Ensina a colar também
– Eu não sou minha nota!
“Silêncio na cela de aula”
– Eu não sou uma nota!
“Silêncio na cela de aula”
– Eu sou mais que uma nota!
“Silêncio na cela de aula!!!”
Série, classe e número , a regra é essa
o aluno é apenas uma peça
Num sistema Fordiano de pedagogia
treinado para a fábrica, sentado várias horas por dia
sem fazer barulho, sem reclamar
obedeça para seu salário ganhar
Silêncio na cela de aula!
E para quem não deu as costas,
aí vai um alerta:
A escola dá a resposta
em vez de incentivar a descoberta!
Silêncio na cela de aula!
A escola é a morte da criatividade,
da independência e da individualidade.
Barulho na cela de aula!
É o som da contestação
vamos derrubar as paredes
e acabar com a escola prisão…